Islamismo



É uma religião monoteísta que surgiu na Península Arábica no século VII, baseada nos ensinamentos religiosos do profeta Muhammad (Maomé) e numa escritura sagrada, o Alcorão.
Cerca de duzentos anos após o seu nascimento na Arábia, o islão já se tinha difundido em todo o Médio Oriente, no Norte de África e na Península Ibérica, bem como na direção da antiga Pérsia e Índia.

Mais tarde, o islão atingiu a Anatólia, os Balcãs e a África subsariana. Recentes movimentos migratórios de populações muçulmanas no sentido da Europa e do continente americano levaram ao aparecimento de comunidades muçulmanas nestes territórios.

A mensagem do islão caracteriza-se pela sua simplicidade: para atingir a salvação basta acreditar num único Deus, rezar cinco vezes por dia, submeter-se ao jejum anual no mês do Ramadão, pagar dádivas rituais e efetuar, se possível, uma peregrinação à cidade de Meca.

O islão é visto pelos seus aderentes como um modo de vida que inclui instruções que se relacionam com todos os aspectos da atividade humana, sejam eles políticos, sociais, financeiros, legais, militares ou interpessoais. A distinção ocidental entre o espiritual e temporal é, em teoria, alheia ao islão

A profissão de fé (Chahada)
A profissão de fé consiste numa frase - que deve ser dita com a máxima sinceridade - através da qual cada muçulmano atesta que "não há outro deus senão Allah e Muhammad é seu servo e mensageiro"; os muçulmanos xiitas têm por costume acrescentar "e Ali ibn Abi Talib é amigo de Deus". Esta frase também é dita quando se chama à oração (adhan).
De acordo com a maioria das escolas islâmicas, para se converter ao islão é necessário proclamar três vezes a chahada perante duas testemunhas.

A contribuição de purificação (Zakat)
O islão estabelece que cada muçulmano deve pagar anualmente uma certa quantia, calculada a partir dos seus rendimentos, que será distribuída pelos pobres ou por outros beneficiários definidos pelo Alcorão (prisioneiros, viajantes, endividados...). Esta contribuição é encarada como uma forma de purificação e de culto. A quantia corresponde a 2,5% do valor dos bens em dinheiro, ouro e prata, mas o valor pode variar-se se tratar, por exemplo, de produtos agrícolas (neste caso a contribuição pode chegar a 10% da colheita agrícola). Quem tiver possibilidades pode ainda contribuir, de forma voluntária, com outras doações (sadaqa), mas é importante que o faça em segredo e sem ser movido pela vaidade.

O anúncio destas doações somente poderá ser feito se isto contribuir para que outras pessoas sejam motivadas a fazer o mesmo (caso de personalidades e pessoas proeminentes da sociedade), e este ato deve ser sincero, mesmo que em público.

O jejum no Mês do Ramadão (Saum)
Durante o Ramadão (o nono mês do calendário islâmico) cada muçulmano adulto deve abster-se de alimento, de bebida, de fumar e de ter relações sexuais desde o nascer até ao pôr-do-sol. Os doentes, os idosos, os viajantes, as grávidas ou as mulheres lactantes estão dispensados do jejum. Em compensação estas pessoas devem alimentar um pobre por cada dia que faltaram ao jejum ou então realizá-lo noutra altura do ano. O jejum é interpretado como uma forma de purificação, de aprendizagem do auto-controle e de desenvolvimento da empatia por aqueles que passam fome ou outras necessidades.

O mês de Ramadão termina com o festival de Eid ul-Fitr, durante o qual os muçulmanos agradecem a Deus a força que lhes foi concedida para levar a cabo o jejum.
As casas são decoradas e é hábito visitar os familiares.
Este festival serve também para o perdão e a reconciliação entre pessoas desavindas.

A peregrinação (Hajj)
Este pilar consiste na peregrinação a Meca, obrigatória pelo menos uma vez na vida para todos os que gozem de saúde e disponham de meios financeiros. Ocorre durante o décimo segundo mês do calendário islâmico.

Os muçulmanos vestem-se com um traje especial todo branco, antes de chegar a Meca, para que todos estejam igualmente vestidos e não haja distinção de classes. Durante toda a peregrinação não se preocupam com o seu aspecto físico. Depois de praticarem sete voltas em torno da Kaaba, os peregrinos correm entre as duas colinas de Safa e Marwa. Na última parte do Hajj os muçulmanos devem passar uma tarde na planície de Arafat, onde Muhammad disse o seu "Último Sermão". Os rituais chegam ao fim com o sacrifício de carneiros e bodes.

Lugares sagrados
A Kaaba ("O Cubo"), um edifício situado dentro da mesquita principal de Meca (Al Masjid Al-Haram) na Arábia Saudita, é o local mais sagrado do islão. De acordo com o Alcorão, ela foi construída por Abraão (Ibrahim) para que todas as pessoas fossem ali celebrar os ritual da Hajj. No tempo do profeta Muhammad o monoteísmo instituído por Abraão tinha sido corrompido pelo politeísmo e pela idolatria.

Segundo o islão, Muhammad não procurou fundar uma nova religião, mas antes restabelecer o culto monoteísta que existia no passado.
Uma vez que o islão se identifica com a tradição religiosa do patriarca Abraão é por isso classificado como uma religião abraâmica.

O islã não nega diretamente o judaísmo e o cristianismo, pelo contrário considera uma versão antiga e perdida dessas religiões monoteístas como parte da sua herança; as suas versões atuais teriam sido alteradas, o próprio islã considerando-se uma restauração da verdade divina.

O segundo local sagrado do islão é Medina, cidade para a qual Muhammad e os primeiros muçulmanos fugiram (num movimento conhecido como Hégira), e onde se encontra o seu túmulo.
A cidade de Jerusalém é o terceiro local sagrado do islão. Este estatuto advém da sua associação aos profetas anteriores a Muhammad e sobretudo pelo fato dos muçulmanos acreditarem que Muhammad viajou para este local durante a noite, cavalgando um ser denominado Buraq, numa viagem conhecida como Isra. Uma vez em Jerusalém ele terá ascendido ao céu (Mi’raj), onde dialogou com Deus e outros profetas, entre os quais Moisés. No local de Jerusalém onde se acredita que Muhammad subiu ao céu foi construída a Cúpula da Rocha em cerca de 690. Os muçulmanos xiitas consideram ainda como sagradas as cidades de Karbala e Najaf, ambas no Iraque.

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